domingo, 31 de agosto de 2014

Um pouco sobre a faculdade

Na França existem dois tipos de faculdades, as Universidades e as Écoles (escolas). As duas são públicas e gratuitas mas as écoles tem tendência a ter um ensino mais forte e a serem um pouco mais valorizadas.
Eu estudo na École Nationale Supérieure de Chimie de Rennes. É uma faculdade de engenharia química e como todas as faculdades de engenharia aqui na França, ela é dividida em duas parte, a preparação (que são dois anos) e o curso em si (mais três anos). Se você completar os 5 anos, você recebe o diploma de engenheiro + o de mestrado. Mas se você parar no meio, não recebe nada.
Para os cursos de humanas, se você fizer 3 anos, você recebe o diploma do curso, e se fizer mais 2, recebe o de mestre.
A minha faculdade faz parte da rede Gay-Lussac, que conta com 19 faculdades de engenharia química espalhadas pela França, cada qual com certas especializações para quem começa o terceiro ano. As especializações são cosméticos, farmácia, tratamento da água, energia, etc etc. Você coloca a sua preferência mas o que realmente decide qual você pode fazer são as suas notas.
Para saber um pouco mais: http://www.19ecolesdechimie.com/

Outra coisa, o ano letivo aqui começa em setembro. Eu vim para cá em março e fiquei até o final de junho fazendo um curso de pré-integração, no qual tinha francês, matemática, física, química e inglês. Mas isso depende da faculdade, no INSA por exemplo, o curso de pré-integração dura um mês e meio só, então você vem para a França em agosto.

A outra faculdade para qual eu apliquei se chama INSA. No INSA você faz os 2 primeiros anos de engenharia geral e a partir do terceiro você escolhe qual engenharia você quer fazer. É esquema até parecido do do Brasil, mas aqui você pode escolher a engenharia depois, ao inves de escolher na hora do vestibular.
Para saber um pouco mais: http://www.groupe-insa.fr/

Gostei, também quero estudar na França, como eu faço?
Bom, se você estuda em algum colégio com acordo, fica bem mais fácil. Você conversa com seu orientador e diz que quer estudar aqui.
A minha faculdade eu sei que não da para se candidatar pela internet, ou seja, se colégio realmente tem que te ajudar, mas o INSA da sim! Então fica de olho quando tiverem abertas as inscrições e tenta lá, normalmente é em fevereiro.
Você vai precisar do seu boletim (ai o porque quando seu colégio tem acordo fica mais fácil, eles tem mais ideia do quanto realmente valem suas notas), duas cartas de recomendações de professores da área de exatas e uma aprovação em um vestibular no Brasil na área de exatas.

Primeiro post

Resolvi explicar um pouco sobre mim no meu primeiro post. Acho que vai ajudar a entender um pouco mais as minhas experiencias por aqui. Bom, eu me chamo Isabella e tenho 18 anos. Minha mãe é uruguaia e mudou para o Brasil com uns 20 e tantos anos, com o meu pai. Acho importante colocar esse fato porque por mais que o Uruguay seja um país vizinho, algumas coisas são bem diferentes lá, e uma parte da minha educação, querendo ou não, teve essa influência. Além de tudo, o fato da minha mãe ter vindo para o Brasil mostra que mudar de país e tudo mais, não é uma coisa que minha mãe é contra. Meus amigos sempre me diziam que se tem alguém que tinha que ir morar fora, era eu.
Quando eu tinha 16 anos, passei 3 meses na Nova Zelândia. Muitos acham que três meses não é nada MAS É SIM. Se você tiver a oportunidade de passar 3 meses em algum lugar no exterior, vá. Se você já tem algum conhecimento da língua, da sim para aprender muita coisa em três meses. Além da experiencia maravilhosa que é.
Mas focarei um pouco mais na minha "nova" experiencia. Morar na França. Então vamos do começo...

Por que ir para fora?
Eu nunca nunquinha tinha pensado em morar em outro país. Mesmo quando fosse adulta. Depois do meu intercâmbio para a NZ eu mudei completamente de ideia. Moraria fácil em outro país, mas estava pensando em um duplo diploma, ou um mestrado, ou um doutorado, ou qualquer coisa mais para frente. Foi então que em outubro de 2013, o orientador do meu colégio foi na minha sala divulgar uma palestra sobre uma faculdade de química e outra de engenharia, as duas na França (uma observação rápida sobre o meu colégio: toda semana tem palestra de alguma faculdade do exterior, mas a maioria dos EUA, no qual o preço é um absurdo). Eu nem dei muita bola até ele falar que na França as faculdades são gratuitas. Então resolvi ir na palestra e AMEI. Era super em conta (tudo que eu gasto aqui é o preço de uma particular no Brasil), o campo de química na França é super gigante e além do mais não precisava de conhecimento de francês pois tinha um curso de francês antes de começar a faculdade. Ou seja, decidi tentar, por que não? Me inscrevi para duas faculdades, a ENSCR e o INSA (jajá falo um pouco mais das duas). Recebi a aprovação da ENSCR em dezembro e resolvi que era isso mesmo que eu queria. Minha aprovação do INSA veio em abril mas decidi que era aqui mesmo que eu queria ficar.

Por que a França?
Bom, já falei que o preço é uma coisa super importante para mim. A faculdade aqui é gratuita e o governo paga uma parte do seu alojamento, o que já ajuda muito. Não existiam acordos do meu colégio com outras faculdades na Europa, então decidi dar uma chance para a França mesmo.

Por que agora?
Essa foi a minha dúvida mais cruel. Ir morar em outro continente, longe de toda minha família, amigos e namorado, em um país que eu só sabia falar "bom dia", que tem fama de xenofóbico, e com apenas 17 anos. Eu poderia deixar mais para frente, como eu disse, tentar um duplo diploma mais para frente e tudo mais. Mas ai eu pensei na minha (futura) carreira. Hoje em dia um mestrado no exterior não é uma coisa tão valorizada quanto era há uns 4 anos atrás. Um duplo diploma também não. (Não vou dizer que não é valorizado, só não é mais um grande diferencial quanto era há um tempo atrás, antes do Ciências sem fronteiras e tudo mais). Agora uma faculdade inteira no exterior, ainda é um diferencial. ALÉM QUE em 5 anos aqui, você já tem o diploma de mestrado.
Outro motivo foi o curso, o curso de engenharia química aqui é diferente do curso do brasil, mas falo isso no tópico debaixo.

Por que engenharia química?
No meu primeiro ano do ensino médio, eu descobri minha paixão por química. Fazia aula extras toda quarta-feira das 13h até as 21h30 e amava. Foi ai que eu decidi que queria fazer alguma coisa relacionada a química. O problema era o que. Fui pesquisando e achei que engenharia química era a mais valorizada no mercado de trabalho, então fui olhar se eu me daria bem com isso. Eu sempre tive notas boas em física, mas para falar a verdade, eu não sentia que sabia muita coisa. Foi então que eu decidi dedicar meu segundo ano do ensino médio à descobrir se eu gostava ou não de física. (Não descobri). Chegou no meu terceiro ano, fiquei super confusa, já não tinha mais ideia do que queria fazer. E com o tempo fui percebendo que seria um  pouco difícil passar pela matemática, com a física eu já tinha me acostumado. Mesmo assim, eu resolvi que queria fazer engenharia química mesmo, mesmo gostando mais da parte de química, eu conseguia entender bem as outras partes de exatas, só exigiria um pouco de esforço. Foi ai que teve a palestra da ENSCR, na qual eram 2 anos de engenharia química e depois 3 na especialização quimica que você escolhesse. Diferente do curso na Poli-USP do Brasil, que são 2 anos de engenharia geral e 3 de engenharia química. Resumindo, achei o curso mais focado no lado que eu gosto.

Por que Rennes?
Eu não tive escolha quanto a cidade. Ficarei em Rennes 2 anos e meio e depois irei para a cidade que tiver a minha especialização. Posso dizer que estou AMANDO Rennes. É uma cidade estudantil, de médio porte e super simpática. Festas o tempo todo, clima agradável, relativamente perto de Paris. Enfim, Rennes é linda <3